Luna Quaresma

LAOS
O meu nome é Luna Quaresma, tenho 20 anos e sou natural de Portimão e hoje apelo à tua imaginação para embarcares numa viagem, para a qual não precisas (nem deves… pelo menos por enquanto) sair de casa.

Tudo começou em 2018, quando decidi, com uma mochila às costas, explorar os cantos do mundo, novos costumes, tribos, outras formas de vida. Ao mesmo tempo ia oferecendo a minha ajuda a pequenas comunidades ou famílias por onde passasse…

Primeiramente, quero apresentar-vos um país muito especial, o Laos. De seguida, vou contar-vos um bocadinho da minha história num dos projetos de voluntariado que participei, neste mesmo país.

Laos na sua essência

O Laos faz fronteira com o Vietname, a Tailândia, o Camboja, o Myanmar e a China. Falamos de um país que é maioritariamente rural, com um clima tropical e paisagens naturais únicas no mundo. As sociedades vivem essencialmente da agricultura de subsistência e o idioma oficial é o lao.

Factos curiosos:

– É considerado o país mais bombardeado per capita na história

– Em consequência da guerra do Vietname, entre 1964 e 1973 mais de 2 milhões de munições foram lançadas, sobre o seu território, pelos EUA – o equivalente a um avião carregado a cada 8 minutos, 24 horas por dia por 9 anos.

– Em 2018, 25% das aldeias ainda se encontravam contaminadas por artilharia e explosivos não detonados, e, ainda hoje, há acidentes associados que provocam debilidades ou mesmo a morte.

Por estas e outras razões, é um país economicamente muito dependente dos seus vizinhos, especialmente da China. As dificuldades no acesso à educação e saúde, os problemas relacionados com a violação de direitos humanos, nomeadamente a desigualdade de género são reais.

Felizmente, nos últimos anos, tem havido uma evolução muito positiva, que está associada, em parte, ao esforço crescente pela emancipação através da educação e de projetos como o que vos vou falar a seguir.

Além disso, as pessoas são genuinamente humildes, altruístas e generosas. Recordo os passeios que fazia pela aldeia e como era habitual convidarem-me a entrar, beber um chá, conversar um pouco (em lao ou só por gestos), ou apenas aproximavam-se para cumprimentar, com uma alegria e boa disposição contagiantes.  

Há muito muito mais a dizer acerca deste país, mas penso que já dá para ficarem com uma pequena ideia.

O Projeto em si

O fundador do projeto, um ser humano incrível, transformou parte da sua própria casa de família numa escola (Liengnaboune Language and Computer Center) para receber as crianças da aldeia.

Nessa escola, a minha tarefa principal era lecionar aulas de inglês a crianças/jovens entre os 9-18 anos. No tempo livre, juntávamo-nos para passear pela aldeia, debater vários temas nomeadamente acerca de direitos humanos, tentar falar um misto de lao-português-inglês, celebrar festividades religiosas, apanhar cocos das árvores, cozinhar – quem não gosta de um ratinho seco ao sol ou uma rã frita? (well… maybe not)

Voltando ao projeto em si, porquê que é, então, importante participarem voluntários de outros países? Ora, o intercâmbio de culturas permite desenvolver um método de aprendizagem muito mais enriquecedor e dinâmico, que os obriga a usarem o inglês na vida real e a ganharem uma certa curiosidade, também eles, acerca de outras realidades.

Os objetivos deste projeto são, então, incentivar a busca pelo conhecimento, o sentido crítico, a criatividade, a responsabilidade, a auto-confiança e, em última instância, o auto-conhecimento. Tudo isto permite abrir novas portas para o futuro e, desta forma, mais que uma escola de inglês estávamos a construir uma escola para a vida.

Por fim, nos meus últimos dias propus-lhes um desafio: realizar um vídeo em inglês com o intuito de dar a conhecer e promover a escola. Posteriormente este seria legendado e partilhado com a comunidade local e com futuros voluntários.

Bem, foram 5 dias de intenso trabalho, cooperação, união, resiliência, proatividade, como nunca antes visto. Inclusive andámos a bater de porta em porta à procura de material para o fazer, e o resultado… esse deixo-vos aqui para se quiserem saber mais:

Como descobri o projeto e quem pode participar?

Descobri pelo Workaway, uma plataforma que providencia uma “ponte” de informação direta entre uma família, comunidade ou organização que precisa de apoio e o próprio voluntário. Os requerimentos variam muito e as oportunidades também, pelo que, na verdade, qualquer um pode participar, em qualquer parte do mundo.

“Travel globally, connect locally” – Workaway

Voltar a casa

Ainda hoje mantenho contacto próximo com muitos deles e considero-os, sem dúvida, a minha família no Laos. Alguns ingressaram no ensino superior, outros ainda estão na escola e outros constituíram família. Mas uma coisa é certa, este projeto marcou-os a todos.

Finalmente, e porque qualquer tentativa de expressar o que senti por palavras ficaria sempre a milhas da realidade, termino esta viagem com uma simples mensagem:

Today’s world changes with educated children, right? So let’s be those children, let’s share our knowledge and happiness, and inspire others to grow. Today.